rémora juvenil fotografada na Meia Praia em 2017.04.15 |
A rémora é um peixe sem considerável critério próprio pois
limita-se a ser conduzida pelo seu hospedeiro/transportador, revelando uma
existência assente num manifesto oportunismo. Anima-a episodicamente um
elementar sentido de sobrevivência que suscita um movimento rápido para voltar
a prender-se ao hospedeiro quando, por algum motivo acidental, se desprende dele.
São, pois, esses “golpes de rins” bruscos e salvíficos a sua única manifestação
digna de registo. Nesse particular lembra alguns políticos de segunda categoria
que só se mantém quando agarrados a um hospedeiro/condutor e que, logo que se
perdem destes, ou os abandonam por qualquer motivo, acabam por dar à costa
depois de uma aflitiva e exaustiva busca por um novo patrono.
A rémora da Meia Praia era apenas um juvenil cansado e
confuso que insistia em acometer para o areal, indo ao encontro da morte, mau
grado as tentativas realizadas de a levar de volta a águas mais profundas.
Neste giro infinito de comportamentos básicos que animam
todas as espécies do reino animal resta-nos considerar que são os humanos, com
a sua capacidade de desempenho racional e irracional, que copiam os seres mais
elementares da Natureza, e não o contrário.
Conheço muitas rémoras que por aí andam, à boleia, mas esta foi a primeira vez que fotografei e filmei uma do universo aquático.
Conheço muitas rémoras que por aí andam, à boleia, mas esta foi a primeira vez que fotografei e filmei uma do universo aquático.
2 comentários:
É destas (e de outras parecidas) pedradas, serenas, que gosto.
«Neste giro infinito de comportamentos básicos que animam todas as espécies do reino animal resta-nos considerar que são os humanos, com a sua capacidade de desempenho racional e irracional, que copiam os seres mais elementares da Natureza, e não o contrário. Conheço muitas rémoras que por aí andam, à boleia»
E mais: quando posso apedrejo sem vacilar um tiquinho que seja quanto ao receio de me partirem os vidros.Não os tenho!
Cumprimentos por persistir em dar vida ao "sítio".
David
;)
Abraço
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