O fim está próximo?


Se olharmos para a História facilmente percebemos que nunca a humanidade viveu tão bem, que nunca teve condições tão favoráveis para viver, ainda que subsistam grandes assimetrias entre a riqueza e a pobreza, ainda que decorram dezenas de sangrentos conflitos regionais, ainda que mais de metade da população dos países ricos viva sob angústias constantes, e igual número nos países pobres viva no limiar da sobrevivência. 

O espectro do pessimismo assola o planeta; seja à custa da ameaça da destruição total na Coreia, seja o derretimento das calotes polares, a fome no mundo, os ataques terroristas, ou a crise económica, cultural e política; tudo factores que nos fazem temer o fim da humanidade. Porém, um cientista e investigador destes assuntos, Max Roser, argumenta que se olharmos para os últimos dois séculos temos muitos motivos para estarmos optimistas com os rumos que tomámos, ainda que qualquer pesquisa científica feita num vasto universo de inquiridos traduza como resultado a firme convicção de que o mundo está a ficar pior (assim aconteceu recentemente com 18 mil inquiridos na Grã-Bretanha). 


Mas se admitirmos que um mundo melhor significa um mundo com mais saúde e educação, menos pobreza e menos mortes, Roser tem razão. Para saber mais consultar o estudo aqui. 


Porém, e não obstante essas conquistas da ciência, da tecnologia e da civilização, não devemos ignorar as reflexões daqueles que pensam sobre o mundo e a vida, reflexões pertinentes que abordam a natureza e o comportamento dos humanos.


«O mal e o remédio estão em nós. A mesma espécie humana que agora nos indigna, indignou-se antes e indignar-se-á amanhã. Agora vivemos um tempo em que o egoísmo pessoal tapa todos os horizontes. Perdeu-se o sentido da solidariedade, o sentido cívico, que não deve confundir-se nunca com a caridade. É um tempo escuro, mas chegará, certamente, outra geração mais autêntica. Talvez o homem não tenha remédio, não tenhamos progredido muito em bondade em milhares e milhares de anos sobre a Terra. Talvez estejamos a percorrer um longo e interminável caminho que nos leva ao ser humano. Talvez, não sei onde nem quando, cheguemos a ser aquilo que temos de ser. Quando metade do mundo morre de fome e a outra metade não faz nada... alguma coisa não funciona. Talvez um dia! José Saramago, in La Verdade (1994)»

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